Nossa proposta clínica se orienta no cuidado enquanto abertura, possibilidade para novos modos de vida. Nessa perspectiva a ação humana não é expressão de uma essência, mas é produto de contingências, de relações historicamente localizadas e em condições singulares da relação organismo/mundo.

Na clínica, se busca compreender a origem da queixa do paciente/cliente tendo como referência o modelo de seleção por consequências, onde se considera a história de vida do indivíduo, sua relação com o ambiente, com os reforçadores e as punições. O profissional vai compreender como esse conjunto de experiências modelam a forma como o analisando lida com o seu mundo e com os seus problemas, vai definir, portanto, comportamentos-alvo que sejam realmente úteis para análise e intervenção e que possam proporcionar uma mudança benéfica para o indivíduo em sofrimento.

O comportamento assim é o resultado da interação organismo-ambiente, só podendo ser entendido a partir da identificação das circunstâncias em que ocorre. Logo, tudo o que existe e se apresenta em termos de comportamento não é necessário, nem certo ou errado, bem ou mal, mas sim, funcional dentro do repertório comportamental de um indivíduo, em que foi selecionado, reforçado e mantido por suas consequências, ao mesmo tempo, sendo passível de mudança.

Desse modo, o cuidar de si na psicoterapia, dentre muitas possibilidades, não passa por proteger, mas, eliminar os efeitos do controle aversivo da sociedade, que mantêm os sujeitos, por um lado, alinhados às normas e à organização social, e por outro, alienados e reduzidos em seu repertório comportamental.

Tornar o indivíduo consciente dessas relações, compreendendo os processos de seleção e controle do seu comportamento, é possibilitar a sua autonomia e independência, adaptando-o criativamente em seu contexto, sem que se perca seu potencial crítico e transformador.